Aproveitando o Dia da Criança, é hora de falar sobre a obesidade infantil.
Esse é um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade.
Nos últimos anos, observamos um aumento significativo no número de crianças com sobrepeso e obesidade, o que tem gerado preocupações sobre o impacto a longo prazo na saúde dessas gerações.
O problema, que antes era visto principalmente em adultos, está se tornando cada vez mais comum entre jovens e crianças, o que torna necessário discutir suas causas, consequências e estratégias de prevenção.
Como já se sabe, o excesso de peso está diretamente relacionado a graves consequências para a saúde. Nos próximos 20 anos, estima-se o surgimento de 10,9 milhões de novos casos de doenças crônicas associadas ao sobrepeso, como diabetes (5,57 milhões de casos), doenças cardiovasculares (2,12 milhões), além de câncer, cirrose e doença renal crônica. Estima-se ainda 1,2 milhão de mortes associadas ao excesso de peso, sendo que 57% delas terão como causa doenças cardiovasculares.
E para saber mais sobre a obesidade infantil e os desafios que ela traz, confira este nosso novo conteúdo.
Obesidade infantil no Brasil
Um estudo conduzido pela da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com outras instituições, avaliaram uma enorme quantidade de dados provenientes de três registros públicos: o Cadastro Único do Governo Federal, o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos e o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional.
A partir desses registros, eles conseguiram compilar informações de 5,7 milhões de crianças brasileiras de 3 a 10 anos, que nasceram entre 2001 e 2014 e os dados chamam a atenção.
Em resumo, o levantamento mostra que, uma parcela cada vez maior de crianças está acima do peso. Ao analisar o Índice de Massa Corporal (IMC), os autores descobriram que 30% dos meninos e 26,6% das meninas que nasceram entre 2008 e 2014 estão com excesso de peso ou obesidade.
O que é obesidade e seus impactos na saúde
A obesidade é definida pelo acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal, prejudicando a saúde e aumenta o risco de diversas doenças.
Entre essas condições estão:
- problemas cardiovasculares;
- diabetes tipo 2;
- hipertensão;
- alguns tipos de câncer.
Embora o Índice de Massa Corporal (IMC) seja amplamente utilizado para diagnosticar a obesidade, ele não reflete totalmente a distribuição de gordura corporal, um aspecto fundamental na avaliação dos riscos metabólicos.
Por isso, além do IMC, é essencial uma análise detalhada de outras medidas antropométricas, como circunferência de cintura (CC) e quadril (CQ), para avaliar corretamente o risco associado à obesidade.
Causas da obesidade infantil
A obesidade infantil é causada por uma combinação de fatores, entre eles:
Dieta desequilibrada
O consumo excessivo de alimentos processados, ricos em açúcar, gorduras e calorias, aliado à baixa ingestão de frutas, verduras e legumes, é uma das principais causas da obesidade em crianças.
O fácil acesso a fast food e bebidas açucaradas contribui para esse cenário.
Sedentarismo
A falta de atividade física regular é um fator importante. Muitas crianças passam horas em frente a telas, seja em celulares, computadores ou TVs, reduzindo o tempo dedicado a atividades físicas, como brincadeiras ao ar livre, esportes e exercícios.
Fatores genéticos
A genética pode desempenhar um papel significativo na predisposição à obesidade.
Crianças com pais obesos têm maior risco de desenvolver a condição, mas a interação entre fatores genéticos e estilo de vida é crucial.
Influências familiares e sociais
A dinâmica familiar influencia diretamente os hábitos alimentares e a prática de atividades físicas das crianças. O ambiente doméstico, assim como a disponibilidade de alimentos saudáveis e o incentivo à prática de exercícios, desempenham um papel importante.
Fatores psicológicos da obesidade infantil
Questões emocionais, como estresse, ansiedade ou até bullying, podem levar ao aumento no consumo de alimentos calóricos como uma forma de compensação, agravando o ganho de peso.
Como prevenir a obesidade infantil
A prevenção da obesidade infantil é um processo que envolve mudanças no estilo de vida de toda a família. Aqui estão algumas dicas importantes para prevenir o excesso de peso nas crianças:
- Incentivar uma alimentação saudável desde cedo. Os pais devem oferecer uma dieta rica em frutas, legumes, proteínas magras e grãos integrais, evitando alimentos ultraprocessados e com excesso de açúcar e gordura.
- Incentivar as crianças a se movimentarem mais. Brincadeiras ao ar livre, esportes, passeios em família e até pequenas atividades diárias, como caminhar até a escola, são formas de manter as crianças ativas.
- Estabelecer limites para o uso de telas. Crianças em idade escolar passem no máximo duas horas por dia em atividades sedentárias com eletrônicos.
- Pais e responsáveis devem ser exemplos de hábitos saudáveis. Se os adultos mantêm uma alimentação equilibrada e praticam atividades físicas, é mais provável que as crianças adotem essas práticas também.
- Conte com apoio de psicólogos ou terapeutas. Em casos em que a criança já está obesa ou apresenta sinais de compulsão alimentar, pode ser útil contar com o apoio de psicólogos ou terapeutas para ajudar a lidar com questões emocionais e melhorar a relação com a comida.
- Consultas regulares com um pediatra. É preciso monitorar o desenvolvimento da criança e identificar precocemente qualquer problema relacionado ao peso.
Jovens e adolescentes agora podem fazer cirurgia bariátrica?
Quando mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada e prática de atividades físicas, não são suficientes para combater a obesidade, a cirurgia bariátrica surge como uma opção de tratamento para casos mais graves. Mas será que existe indicação de cirurgia bariátrica para crianças e adolescentes?
A boa notícia é que, com autorização do Ministério da Saúde, jovens a partir de 16 anos podem fazer a cirurgia bariátrica. Porém, para o processo é necessário que os pacientes passem por uma avaliação mais criteriosa.
Orientações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica:
- Abaixo de 16 anos: exceto em caso de síndrome genética, quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico recomenda que, nessa faixa etária, os riscos sejam avaliados por dois cirurgiões bariátricos e pela equipe multidisciplinar. A operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação.
- Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar.
Os pacientes jovens precisam passar por avaliação clínica, endocrinológica, pediátrica e ortopédica.
O Ministério da Saúde estabelece, que para realização da cirurgia é necessário também que o hospital tenha todas as condições para o procedimento e para o pós-operatório.
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