Há muito tempo se sabe dos males do consumo de bebidas ricas em açúcar, como refrigerantes e sucos industrializados. Uma pesquisa desenvolvida na Universidade da Virgínia, em Charlottesville (EUA), descobriu que crianças que ingerem regularmente bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos de caixinha, tendem a ganhar mais quilos do que outros jovens, favorecendo a obesidade infantil. [1]
Além disso, o elevado consumo de bebidas açucaradas, fontes líquidas de adição de açúcares na dieta, está associado com potencial desregulação hormonal, resistência à insulina, dislipidemia (elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma e/ou a diminuição dos níveis de HDL)e obesidade.
O que são bebidas açucaradas?
Uma bebida açucarada é qualquer bebida com adição de açúcar. Isso inclui refrigerantes, milkshakes adoçados e energéticos, além de chás e cafés feitos com açúcar.Mesmo as bebidas consideradas “diet” são consideradas açucaradas, pois possuem adoçantes não nutritivos, mesmo sendo não calóricas. O consumo de bebidas açucaradas artificialmente de baixa caloria aumentou mundialmente nos últimos anos, com relatos de consumo em aproximadamente 30% dos adultos e 15% das crianças nos EUA entre 2007 e 2008. Esses adoçantes são mais potentes que os açúcares naturais normais e funcionam promovendo a secreção de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon1), que estimula o esvaziamento gástrico e aumenta a secreção de insulina.
Quais os riscos?
A OMS (2016) já declarou que o consumo de bebidas açucaradas é uma das principais causas da obesidade e do diabetes. E não é difícil entender por quê. A maior parte das bebidas açucaradas não tem nenhum valor nutricional. São calorias “vazias”, que não podem ser comparadas às calorias nutritivas de outros alimentos.
A OMS recomenda o consumo de até seis colheres de chá de açúcar ao dia. Uma latinha de 355 ml de refrigerante possui, sozinha, cerca de 9,5 colheres de chá – sob nenhuma ótica, isso pode ser considerado saudável e seguro. Além disso, estudos mostram que o corpo humano não responde da mesma forma à ingestão de calorias ingeridas na forma líquida e em sua versão sólida. Em consequência disso, calorias líquidas resultam mais rapidamente em aumento de peso. [2]
Os açúcares contidos nestas bebidas alteram o metabolismo do corpo, afetam os níveis de insulina e colesterol e podem causar inflamações e pressão alta. E alguns estudos, como o que foi publicado no British Medical Journal, associam o consumo destas bebidas ao aumento do risco de câncer.
Conclusão
Deve-se evitar ou diminuir consideravelmente o consumo destas bebidas, pois estão diretamente relacionadas com a obesidade, diabetes e outras doenças. O cuidado deve ser redobrado quando se trata de crianças, pois a obesidade infantil cresce exponencialmente, e seus níveis já são alarmantes. Enquanto na década de 1970 apenas 1% das garotas e 0,9% dos garotos estavam obesos, em 2016 eles representavam 9,4% e 12,7% dessa faixa etária.
A situação é preocupante porque o excesso de peso e a obesidade estão entre os cinco maiores fatores de risco para mortalidade no mundo.
Referências
2 -DiMeglio, D. P., Mattes, R. D. (2000). Liquid versus solid carbohydrate: Effects on food intake and body weight. InternationalJournal of Obesity, 24(6), 794-800. doi:10.1038/sj.ijo.0801229
Dr. Paulo Reis
Médico Cirurgião Bariatrico e Cirurgião Geral
CRM-GO 9595
Titulo de Especialista em Cirurgia Bariatrica – RQE: 12746
Título de Especialista em Cirurgia Geral – RQE: 10876;